Ide e pregai. Mas não enchei o saco.
O bom senso é uma espécie de parente próximo – um primo íntimo, talvez – da boa educação e do respeito ao próximo.
Penso que certos adeptos de religiões deveriam tê-lo em conta na forma como procedem socialmente, por exemplo.
Outro dia soube de um aniversário de criança, no qual pouco antes do “parabéns pra você” foi celebrado um culto evangélico, seguindo a crença da família. Parece que não demorou muito, mas quem recebeu o convitinho não sabia que em determinado momento da festinha teria que presenciar um culto de uma fé que não professa, e que por isso não costuma ir às igrejas. Prefere a festinha de aniversário dos filhos dos colegas de trabalho. Foi o caso de muitos ali.
Recentemente fui testemunha de situação bem semelhante. Em pleno recital literário, o sujeito que se dizia poeta pegou o microfone e mandou seus textos bíblicos, com explicações enfadonhas sobre personagens e passagens do livro escrito por homens, é bom que se diga, e, como tal, sujeito a interpretações particulares e não necessariamente iguais as de quem está lá, professando sua fé em local claramente inadequado, para um público desavisado e na sua maioria descrente. Como foi ocaso a que me refiro.
Religiões merecem respeito, bem como quem as segue, mas o mesmo vale para ateus, agnósticos e afins.
Jesus disse “ide e pregai”, mas não me consta, mesmo que pouco eu conheça dos evangelhos, que tenha dito “ ide, pregai e enchei o saco”.