É isso

Não tenho nenhuma certeza se esta frase é mesmo do Papa. A veracidade de informações e de autorias continua sendo um ponto fraco da internet. Mas independentemente de quem disse ou escreveu, acho que, neste momento em que por força da calendário renovamos nossas esperanças, o caminho é mesmo por aí.

“Não chores pelo que perdeste, luta pelo que tens. Não chores pelo que está morto, luta por aquilo que nasceu em ti. Não chores por quem te abandonou, luta por quem está contigo. Não chores por quem te odeia, luta por quem te quer. Não chores pelo teu passado, luta pelo teu presente. Não chores pelo teu sofrimento, luta pela tua felicidade. Com as coisas que vão nos acontecendo vamos aprendendo que nada é impossível de solucionar, apenas siga adiante.”


Jorge Mario Bergoglio, Papa Francisco.

esperança

Então, senhor…

pizzaria

 

 

O estabelecimento de ar requintado que aparece na foto é uma pizzaria. O nome, certamente, é por causa do senso comum estabelecido de que São Paulo faz a melhor pizza do país.

Fica num recém-criado centro de lazer que reúne bares e restaurantes junto à Ponte JK, uma das três que cruzam o Lago Paranoá, em Brasília.

Em frente a ela há um parquinho para as crianças, que como praticamente todo espaço público do gênero no Brasil não possui banheiro. O Estado brasileiro nem sempre considera a hipótese de as pessoas sentirem vontade de fazer xixi, ou outros, em praças, parques e afins.

Assim sendo, fui bater na porta da tal pizzaria com minha filha menor, de seis anos, apertada para fazer xixi.

“Posso levá-la ao banheiro?”, perguntei, educado e simpático, algo que nem sempre consigo, reconheço.

A moça da portaria deu um sorriso, mas daqueles forçados, aprendidos em manuais de administração, recursos humanos ou qualquer outra profissão que treine gente para tentar ser simpática e educada com o público.

Ela ensaiou uma resposta: “Então, senhor…”, mas eu a cortei, captando imediatamente qual seria a resposta. É que seria desnecessário ouvir o resto da frase com a explicação, pois para mim não há nada que explique o impedimento de um sujeito levar a filha de seis anos a um banheiro de uma pizzaria.

A partir disso, é de se acreditar que o procedimento com idosos, grávidas, deficientes físicos não seja diferente.

Não sabia da existência dessa pizzaria, e para mim será como se ela continuasse sem existir.

No dia que bater a vontade de comer pizza – meu prato predileto –, mesmo aquelas de caixa, embebidas em sódio, que vendem no supermercado, certamente ainda serão uma opção à frente da pizza da Avenida Paulista.

 

 

 

Por que pela metade?

Moro há 15 anos em Brasília e jamais havia ido ao Planetário da cidade.

E nem poderia.

O espaço, um dos mais importantes na difusão do conhecimento científico, especialmente para os mais jovens, estava fechado desde 1997, precisando de reforma.

A resposta de porque um lugar assim ficou inacessível à população durante tanto tempo só pode morar no velho descaso do Estado para com o saber, o aprendizado, a cultura.

Todo ano a reforma era prometida. E protelada. Para mim, já havia se tornado lenda.

Até que virou realidade.

E merece aplausos. Nada a reclamar. Pelo menos ao que vi da reforma, nenhuma objeção.

Mas isso do lado de dentro do Planetário.

Do lado de fora, nas calçadas, é recomendável passar de jipe ou moto trail, como bem mostram as fotos.

Planetário 1

Planetário 2

Foram gastos R$ 13 mi na obra. Não sobrou nadinha para tornar melhor a vida de
quem passa pelas calçadas que, junto aos estacionamentos, são caminho obrigatório para o Planetário?

Espantam-me essa capacidade do Estado em fazer o mais difícil, tratar com desleixo o mais fácil e inexplicavelmente deixar as coisas pela metade.

Músicas além da chatice

Descobri anteontem uma banda que tem encantado meus ouvidos: The Neves. Ótimo vocal, arranjos bem trabalhados e belas melodias, essas últimas, na minha opinião, artigo raro tanto nos estilos que se aproximam do lixo musical, quanto em canções pretensamente bem trabalhadas e sofisticadas da MPB.

The Neves

 

Uns dois meses antes de conhecer os Neves, já havia sido apresentado aos Selvagens a procura da lei, banda cearense de trabalho igualmente denso. Eles me lembram o Skank do disco Cosmotron, mas passando longe de qualquer imitação.

Selvagens

 

O ano me reservou outra bela descoberta musical, e, esta, ao vivo, num show no Centro Cultural Banco do Brasil aqui em Brasília. Foi o Sexy-Fi, uma espécie de crônica musical da vida da capital do país. O que caracteriza as outras duas também sustenta o trabalho da banda de Brasília.

Sexy-fi

 

Ou seja, qualidade musical é fio condutor no trabalho dos Neves, Selvagens e Sexy-Fi. (acesse os links).

E escrevo sobre as três bandas um tanto para me redimir quando disse que a música brasileira está extremamente chata. Foi durante o sorteio dos grupos da Copa do Mundo, quando se apresentou uma dessas cantoras surgidas na década passada, uma dessas que , ouvindo uma, você ouve outras dez.

A música brasileira talvez não esteja chata, nem esteja produzindo apenas lixo para consumo fácil. Não pelo menos num certo cenário ignorado pela grande mídia.

****

http://www.youtube.com/watch?v=okYDiTFj2uA

http://www.youtube.com/watch?v=uicG9O_T-BI&list=PLd1UN3YmNS-7QY1Wi3dKAuUHy7gdd0lQr

http://www.youtube.com/watch?v=QreZ6RZklA0

Livros da Minha Vida 3 – A Ilha Perdida

Era um dos principais títulos de uma coleção que a Editora Ática lançou nos anos 70, e que reunia ainda, entre outros, O Escaravelho do Diabo e O Caso da Borboleta Atíria, este, certamente, o maior sucesso da coleção. A capa que aparece aqui no blog é a da edição que li há quase 40 anos.

A_ILHA_PERDIDA_1341256988P

Mas nenhum desses títulos, nem mesmo Atíria, me prendeu tanto quanto a história de Maria José Dupré sobre dois garotos que se perdem no Rio Paraíba do Sul, entre São Paulo e Rio de janeiro, e vão parar em uma misteriosa ilha.

Um deles (não lembro mais o nome) vira uma espécie de refém – não exatamente no sentido negativo da palavra – de um eremita, sobre cuja existência ninguém na civilização sabe.

Durante anos, sempre que passava pela Rodovia Presidente Dutra, às margens do Paraíba do Sul, perdia meus olhos no rio na esperança de ver a tal ilha. “Mas se é perdida, como você vai ver?”, e eu mesmo me perguntava, sem nunca deixar de passar os olhos pelas águas escuras.

Maria José Dupré talvez não seja devidamente reconhecida como a escritora que ajudou a formar gerações de leitores, embora seu livro mais famoso, Éramos Seis, tenha virado novela sei lá quantas vezes desde que a TV chegou ao Brasil.

O mistério é o fio condutor de A Ilha Perdida, e Dupré, com maestria, faz o que de principal um escritor deve fazer com o leitor: prendê-lo, fazê-lo perder a hora e a vontade de outras coisas.

Comigo – e a lembrança é ainda muito viva – ela conseguiu.

 

Rolar para cima