Está na mão da “estudantada”

Na próxima segunda-feira, dia 11, a Câmara Legislativa do Distrito Federal volta aos trabalhos (?). O presidente da casa, Leonardo Prudente, disse alguns dias atrás que vai reassumir o cargo do qual pediu licença no dia seguinte à exibição de uma das imagens mais constrangedoras, ridículas e revoltantes da história política do país. Para quem não está ligando o nome ao escândalo, Prudente é aquele que aparece colocando dinheiro de propina nas meias. Como explicação, titubeante veio a público, de forma patética, dizer que recebeu o dinheiro e “colo-quei o mes-mo nas mi-nhas ves-tes pois não u-so pas-ta”.

Há analista político dizendo que a intenção de Prudente é mesmo reassumir a presidência e sair atirando. Acusado de ser homem do esquema do mensalão do DEM, e de outros esquemas, falam que ele pode, com o poder do cargo na mão, usar o que sabe para acusar seus pares também enrolados e gente de outro poder, o Executivo. Dessa forma, em uma futura campanha eleitoral, posaria de denunciante da bandalheira, apostando que a curta memória do eleitor não lembraria que ele colocou a mão no dinheiro. E este nas meias.

Há quem diga que ele poderá permanecer no cargo movido pelo apetite da vingança. Ou seja, como foi e será novamente alvo a partir de segunda, pode abrir a boca, sair atirando com a idéia de que “vou morrer, mas mato muita gente antes”. Se ele realmente “morrer”, então está ótimo.

É claro que os outros tantos deputados envolvidos no esquema e os encarregados de defender José Roberto Arruda dos pedidos de impeachment não vão deixar que Prudente sente outra vez naquela cadeira. Vão tratar de tocá-lo dali, de preferência posando de defensores da moralidade. Mas a sociedade não pode se contentar com isso, pois não se limpa lama com lama.

Estamos nas mãos dos estudantes, os mesmos que ocuparam a Câmara em dezembro. Se a ocupação se repetir – de preferência de forma ordeira, para que os ramos conservadores não tenham pretexto para falar mal – Prudente, que é fruta podre, cai do galho com um esbarrão. É claro que só ele é muito pouco, parece que é preciso derrubar a árvore inteira, mas já será alguma coisa.

Óbvio que vão dizer que os estudantes são manobrados pela CUT e pelo PT, e que quando estourou o mensalão do Lula ninguém deu as caras na rua. Isso é fato, é correto. Mas se esses meninos e meninas, mesmo que erguendo bandeiras, não fizerem barulho, não será a classe – média de Brasília, bem estabelecida e preocupada com seus coquetéis, horas extras e gratificações, que vai botar a quadrilha no olho da rua.

O que ainda falta escutar dos Beatles.

Quando a discografia dos Beatles foi relançada recentemente em estéreo remasterizado, muitos fãs de longa data da banda mostraram-se céticos e até amargos, rotulando a novidade como apenas mais uma jogada da indústria fonográfica para ganhar mais dinheiro em cima do maior fenômeno musical e mercadológico de todos os tempos.

Confesso que não me rendi de imediato à curiosidade de saber o que eu, que ouço Beatles desde que me entendo por gente, ainda poderia ouvir de novo dos quatro. Tive vários dos CD`s nas mãos, achei caro, não me seduzi pelo belo aspecto gráfico. Deixei pra lá.

Até que Guilherme Guedes, baterista da banda Lafusa, de Brasília, me disse que conseguiu lá fora um pen drive com todos os discos remasterizados em estéreo. Confiei a ele, aprendiz de feiticeiro na redação da BandNews FM, um de meus maiores tesouros: meu Ipod, e ele descarregou no meu aparelhinho as novas gravações.

Não há dúvida: se você é betleamaníaco, vale a pena ajudar a encher ainda mais de dinheiro a burra de Paul, Ringo e das viúvas e herdeiros e John e George.

Outro companheiro meu de trabalho, o crítico Rodrigo Leitão, proclamava em plena redação que essas gravações revelaram ao mundo uma banda que não conhecíamos, que somente agora veríamos realmente o que os caras, junto com George Martin, haviam feito quase 50 anos atrás.

Não vou tão longe no entusiasmo, mas garanto: há muita diferença entre as gravações que chegaram dos Beatles ao Brasil (principalmente as que foram passadas para CD nos anos 80/90) e essas remasterizadas em estéreo. Até ouvidos moucos como os meus conseguem perceber detalhes escondidos antes desse trato que deram às canções mais importantes da história do Rock`n Roll.

Prestando atenção, você ouvirá, principalmente nos quatro ou cinco primeiros discos, que o violão, por exemplo, em determinada música ganha mais corpo. Em Help, é possível notar sem muito esforço a batida de John nas cordas de uma forma mais candenciada, mais “blusera”, mais lenta, que segundo reza a lenda era como ele queria que a canção houvesse sido gravada.

O instrumento que mais saiu ganhando nessa revitalização das gravações dos Beatles certamente foi a bateria. As novas técnicas de estúdio realçaram principalmente os pratos e o bumbo, e encorparam os contra-tempos e viradas. Se ainda restava alguma dúvida, a remasterização esclareceu tudo: Ringo Star era um senhor “batera” sim, que inovou muito e sem presepada, ainda mais se pensarmos que ele batia dessa forma quase meio século atrás.

Mas a grande diferença, e isso é o que realmente vale em comprar os CDs ou adquirir as gravações, é que os instrumentos e as vozes ganharam não apenas força, mas personalidade ainda maior. Dá para ouvir quem canta, quem faz coro e o que está sendo tocado com muito mais nitidez, e perceber a importância de cada um desses elementos no todo de cada gravação. Em algumas músicas de Please please me, essa nitidez chega ao requinte de deixar bem clara a respiração de John, e de nos apresentar o até agora desconhecido eco de gravação de algumas canções, efeito posto na época pelos técnicos de propósito, como um quê a mais.

As gravações remasterizadas em estéreo são o que podemos chamar de a segunda parte de uma reapresentação da obra dos Beatles ao mundo, principalmente às gerações mais novas. Isso começou nos anos 90 com a série Anthology (documentário, CDs e livro) e prossegue agora também com as versões originais em mono dos discos e o game Guitar Hero. Aliando tudo isso à genialidade dos quatro, é certo que a humanidade, da mesma forma que hoje ouve Mozart e Beethoven, estará ouvindo Beatles daqui a 200 anos.

Corrupção é imposto em Brasília

O custo de vida em Brasília é alto, um dos mais altos do país. Arrisco-me a dizer que talvez os preços por aqui só estejam abaixo dos de São Paulo, cidade-motor do Brasil, capital do estado que é nosso maior parque industrial.

Não tenho base em nenhuma pesquisa – embora devam existir milhões – mas falo como trabalhador assalariado (Aliás, PJ, sem direito trabalhista algum) que sente a mordida no bolso, o dinheiro sempre menor que o mês.

Por muitos anos aceitei, mesmo com desconfiança, que a estabilidade no serviço público e os altos salários de parte do funcionalismo eram os responsáveis pela vida cara, pelos preços acima do que se cobra em outras cidades. Como carioca, sei que no Rio as contas da maioria também não fecham, que o dinheiro também não dá, mas lá os preços, me parecem, estão sempre um pouco mais abaixo dos de Brasília (sempre que estou no Rio, aproveito para melhorar o guarda-roupa. Faz diferença sim). Por muitos anos também levei em consideração a explicação de que em Brasília os salários, de forma geral, são maiores. Sei que isso é verdade, ao menos em minha profissão, mas sempre desconfiei que houvesse algo mais por trás de tudo, escondido atrás dos números.

Os argumentos técnicos se mantêm de pé, mas, em minha opinião, não estão sozinhos na hora em que explicam – mas não justificam – os preços cobrados em Brasília.

Depois que o Brasil inteiro viu governador recebendo propina (e pagando também a deputados) e do presidente do Legislativo local colocando dinheiro nas meias, entendi que o morador da cidade paga mais um imposto embutido na volumosa carga tributária: o imposto da corrupção. Ele está lá, em nossa vida diária, não oficializado, mas papando com uma fome de adolescente nosso dinheiro suado.

Conhecida a bandalheira do poder local do DF, compreendi, por exemplo, os cálculos do mercado imobiliário em Brasília, esse setor fomentado pela ganância e desconectado da realidade nacional. Nos R$ 500 mil que vai custar uma reles quitinete no Noroeste, um bairro de ricos que começa a ser erguido devastando um pouco mais o cerrado da cidade, está embutido o preço da corrupção. O metro quadrado no local vai ficar em torno de irreais R$ 12 mil. Tanto no Noroeste quanto em outros bairros, pode ser o preço ao qual os empreiteiros chegaram depois que somaram os custos da obra, o lucro justo, a ganância do setor e, por último, o percentual a ser entregue em tais e tais gabinetes. Esta é a parcela que pode ser destinada tanto à mudança do plano diretor da cidade, quanto à licença ambiental para a construção em um local de nascentes, dependendo da situação.

Não raro, a corrupção pode arcar com seu próprio custo. É o caso de quem recebe o imposto arrecadado com a patifaria em Brasília e paga esse mesmo imposto com o dinheiro da bandalheira na hora em que compra um apartamento, isso para falarmos apenas do mercado imobiliário. É a corrupção remunerando a si própria, feito um cachorro doido que corre atrás do próprio rabo.

Não há como dimensionar o valor do imposto da corrupção no Distrito Federal, saber que pagamos tantos por cento como fazemos com os impostos oficiais. A alíquota (para que a coisa fique mesmo institucionalizada economicamente) vai depender da fome de quem estiver no poder.

Almoço de 1º de janeiro.

Levou à boca o garfo com bacalhau que sobrou da ceia. Ao contrário da noite anterior, quase nada dizia, respondia uma coisa ou outra com vagos monossílabos. E agora preferia o silêncio justamente por isso: por que antes falara demais. Não que houvesse bebido muito, ou muito mais do que estivesse acostumado. É que começaram a falar de política, de escândalos, e ele que já andava até a tampa com muita coisa, não economizou no verbo, sua palavra incendiou a noite, dentro da família fez mais barulho que o foguetório da virada. E azeitado por um razoável tinto argentino, soltou lá pelas tantas, depois que serviram o salpicão:

– Tinha que ter luta armada sim.

E fez-se um silêncio rápido e imediato, igual a quando cai uma taça e todos procuram saber quem foi que reduziu o patrimônio da casa.

Mas para que não houvesse dúvida de quem falou e do que foi dito, acrescentou até mais alto.

– Com sangue e cabeças rolando.

Ao silêncio fugaz, seguiu-se certo constrangimento, mas aí sua ira já viera à tona tal qual comida e bebidas postas pra fora do estômago pelo fígado maltratado pelos excessos.

– A Guerrilha do Araguaia, por exemplo, veio 40 anos antes. – ele estava certo disso, mesmo sem qualquer embasamento histórico. Era só ira e empolgação alcoólica.

Alguém, que tomava só coca-cola, ponderou sobre o estado de direito, as investigações, a Justiça. Outro tomou coragem e entrou na discussão defendendo o voto consciente, a participação política.

– Que nada! Pega o deputado que colocou grana na meia, o governador que pega propina… – e fez um gesto com a mão na altura do pescoço.

– Tudo bem, querem ter peninha? Então pega o cara, uns bons tabefes, uns dentinhos a menos. Ai que delícia um desgraçado desse todo costurado!

Alguém pigarreou, outro se levantou, tentaram mudar de assunto. Ele só queria tocar fogo no mundo.

– Outra idéia é pegar um deles, de madrugada, pintar de verde e pendurar pelado numa árvore no centro da cidade, deixar lá até a hora do almoço. O que acham? Os outros iam pensar duas vezes pra roubar de novo.

A prima de não sei quem, que veio de longe pra festa, se levantou assustada. A sogra da amiga da cunhada foi pegar sobremesa e não voltou mais. A mulher, ruborizada, também o deixou ali sozinho, pregando para si mesmo, olhando a fumaça que sobrara da queima de fogos naqueles primeiros minutos nublados do novo ano.

Agora, no almoço, mastigava a comida passada da véspera, mas também a ressaca física e até certo ponto moral. Olhando nos olhos de cada um, deu-se conta de seus excessos, nem tanto alcoólicos, mas sim verbais. E em algum momento dos comentários sobre a noite anterior, sua mulher tentou a defesa tardia do marido.

– Ele falou aquilo de brincadeira. Na verdade defende a paz como instrumento de mudança, que a coisa tem que se ajeitar é pelo voto, que quem roubou tem que ir pra cadeia e devolver o que roubou. Nada dessa doideira de cortar cabeça, de mandar político pro inferno.

Ele permaneceu calado, mastigando a comida, a ressaca, os pensamentos. Mas antes que o silêncio pudesse ser tomado por concordância completa com o que a mulher dissera, falou com a bochecha gorda de comida no canto da boca:

– É, mas que dá vontade, dá.

E engoliu.

Reveillon

Antes que saíssem de casa para a festa, a menina perguntou ao pai, a voz quase engolida pelo espanto:

– Quer dizer que a gente vai sair agora de casa e só vamos voltar no ano que vem?

E como a resposta afirmativa a deixasse ainda mais abismada, arregalou uns olhos tão imensos quanto azuis, nos quais os mais atentos notariam que brotava o fascínio pelo misterioso e inevitável passar do tempo.

No ano que vem

Nada mudará no ano que vem.
Estaremos atendendo nos mesmos postos
Pelos mesmos nomes
Respondendo pelas mesmas funções.
Nenhuma mudança prevista
Previsível
Possível
Que derrube os muros conformados da mesmice,
Nada que venha batendo as portas e janelas
Feito o vento revolucionário da tempestade
E que deixe deliciosamente
Nossas vidas de pernas pro ar.
Nada que nos faça abandonar
Nossa paquidérmica instransponibilidade
De rocha fincada na praia.

Violência e histeria.

Possivelmente vivi hoje a meia hora mais angustiante de minha vida, ao menos dos últimos anos. Era hora do almoço, eu aguardava em casa minha mulher com minhas três filhas e minha irmã, que passa o fim-de-ano conosco. Minha irmã entrou no apartamento com minha filha do meio dizendo que o resto da tropa estava subindo. Cinco, dez minutos, nada. Desci. Certamente minha mulher precisava de ajuda na portaria, está época é mesmo época de pacotes, embrulhos e, lá em casa, sempre todas as épocas são de criança fazendo pirraça, contrariando ordens. Abri a portaria, olhei no pátio dos pilotis do prédio. Nada. Apenas o vento e o silêncio do início da tarde. Espetou-me qualquer agulha de angústia lá por dentro, mas me contive. De início, não me deixei levar por nervosismo, presságio. “Deve estar na vizinha”, tratei de recorrer logo ao mais provável e manter tudo sobre controle. Não estava. “Na outra vizinha, é claro”. Não estava. Desci outra vez à portaria, o carro estacionado não tinha qualquer anormalidade. Minha irmã na janela já franzia o cenho. “Ela deixou o celular na bolsa que eu trouxe”, me avisou, a voz já levada pela preocupação. A essa altura, a agulha da angústia já entrara um pouco mais na carne, e enquanto isso meus olhos aflitos corriam todo o espaço em torno do prédio. Meio a esmo, sem rumo certo, apressei o passo até o comércio, mesmo sabendo da improbabilidade de qualquer compra de última hora. A carteira com dinheiro e cartões estava na bolsa que minha irmã levou, e tendo acabado de estacionar o carro, por que diabos minha mulher iria comprar alguma coisa a pé e levando duas crianças a tiracolo? Nada, nem sinal. Pelo talento que o ser humano tem para pensar no pior, é claro que uma tragédia já se desenhava na minha aflição, mesmo que o cenário não fosse o tradicional de um sequestro – relâmpago. O carro estava lá, e pelo histórico nenhum bandido leva uma mulher com duas crianças enchendo o saco por causa de sono e fome. Mas quem disse que a agonia deixa que o provável venha nos trazer tranquilidade? Quando vemos, já fomos levados por uma corrente de pavor, até por que a criminalidade, infelizmente, também tem gosto pela inovação. Como não quero que esse texto fique do tamanho do desespero que experimentei naqueles minutos, já dou fecho à história. Ela estava na casa de outra vizinha, cuja entrada é pela portaria ao lado (Para quem não conhece, em Brasília os prédios têm quatro portarias, lado-a-lado). A vizinha havia chamado minha mulher para ver uma reforma no apartamento, e ela foi, sem se dar conta de que minha irmã, que ia à frente, não percebera nada disso. Depois que o vendaval do susto passou e a respiração voltou ao normal, concluímos que se vivêssemos cem anos atrás, teríamos como certeza o que realmente aconteceu: um pulinho fora do programado na casa da vizinha e um papo gostoso que se estendeu um pouco mais do que deveria. Mais nada. Hoje em dia, não. Qualquer movimento fora do programado, tudo que seja inesperado, que não tenha aviso, já leva logo na conta a convicção de uma tragédia. A violência das grandes cidades, e a exacerbação dessa mesma violência pela mídia, nos leva ao ouvir um piano se espatifando no chão quando o que caiu foi uma simples moedinha.

Festa e roubalheira

Hoje de manhã a BandNews FM em Brasília veiculou reportagem sobre a programação da festa de fim de ano na Esplanada dos Ministérios. Na reportagem, um popular ouvido pelo repórter João Cláudio Silveira lamentava haver festa para receber o novo ano no momento em que o Distrito Federal vive seu momento político mais degradante e estarrecedor. O entrevistado desfiava o velho discurso de que festa está ligada automaticamente a alienação. Usou a expressão pão e circo para dizer que festa a essa altura dos acontecimentos pode anestesiar o povo, desviar o foco da sociedade para a roubalheira, etc. Lembrei imediatamente da esquerda que torcia contra a seleção de 70. Para eles, a seleção vencendo seria pretexto pro Médici faturar alto. Não acho que a ditadura teria sido diferente, que os generais ficariam menos tempo no poder se o Brasil não fosse tri-campeão naquele ano. Penso que não há fundamento em acusar a festa, o divertimento e a alegria de provocarem a falta de vigilância da sociedade em cima da roubalheira. Por que não podemos saudar a chegada de 2010 em Brasília? Provavelmente seja o caso de levarmos faixas e cartazes de protesto, pedindo a saída da quadrilha que governa o Distrito Federal, mas não de ficarmos em casa lamentando a bandalheira tocada por uma chapa eleita pela maioria da população (que já sabia que o Arruda havia mentido uma vez). Eles, os que roubaram, certamente vão comemorar, com mesa farta, bebida cara e sei lá mais o quê. Alegria e divertimento nada têm a ver com amadurecimento crítico e participação política. Comemoremos, saudemos um novo ano, pulemos da cadeira com a perna direita à meia-noite pedindo que a Justiça acabe coma orgia de panetones na capital do país. A festa na Esplanada dos Ministérios deve ser condenada apenas pelas atrações que vão tocar na virada do ano no coração do poder do país. Assistir a shows de Pedro Paulo & Matheus e Aviões do Forró é pior do que ver deputado botando nosso dinheiro dentro das meias.

Disco mais famoso de Rod Stewart é relançado.

Vi nas prateleiras cada vez mais minguadas das lojas que vendem CDs um dos melhores discos de um cantor solo de Rock: A night on the town, o sétimo disco do simpático Rod Stewart, lançado em 1976. Estava com certa pressa, mas reparei que o CD duplo ( o disco original era simples) parece trazer no segundo CD as mesmas músicas talvez com gravações diferentes, mas não sei ao certo, é palpite de quem estava apressado. Considero esse álbum épico, a começar pela capa. Ele é aquele que estampa uma paródia da tela Bal Au Moulin de la Galette, de Pierre-Auguste Renoir. A obra original custa no mercado de arte U$s 78 milhões. Para quem não está conseguindo visualizar, o quadro é uma praça com um coreto ao fundo, muitos casais dançando e, em primeiro plano, uma senhora abraçada a uma menina em uma roda de homens. Na capa do disco, Rod Stewart aparece desenhado no meio dos rapazes. Na contracapa ele está com um elegante chapéu de palha, um lenço negro no pescoço, erguendo uma antiga taça de champagne. Mas o que se destaca no disco é mesmo a qualidade das músicas. Pra começar, ele abre com uma das mais famosas (ou mesmo a mais famosa, pelo menos no Brasil) música de Rod Stewart, Tonight’s the Night (Gonna be all right). Mas há outros momentos muito bons, entre eles a interpretação fantástica de Rod Stewart para The first cut is the deepest, do Cat Stevens, uma das mais belas canções da música pop. Destaco ainda The Killing of the George (Part I e II) e Pretty Flamingo. O disco, que chegou ao 2º lugar da parada da Billboard, tem bastante piano e metaleiras, marca do som desse inglês/escocês apaixonado por futebol e que começou na década de sessenta cantando na Banda de Jeff Beck. O defeito deste CD duplo é o preço: R$ 49,90, o que afasta até mesmo gente igual a mim, que ainda insiste em comprar CDs.

Morre o guitarrista de Janis Joplin

As agências de notícias informam que morreu James Gurley. Para quem não acompanha a história das grandes bandas de Rock’n Roll da história, esse nome não significa nada. Para quem acompanha, sabe o que o cara significou. Gurley foi o guitarrista da Big Brother and The Holding Company, a banda que na metade da década de 60 tinha como vocalista uma garota branca que cantava como negra: Janis Joplin. Ele morreu em um hospital nos Estados Unidos. Estava com setenta anos de muito Rock, ácidos e alucinógenos. James Gurley é considerado um dos precussores do psicodelismo que dominou a música no tempo da guerra do Vietnã, Festival de Woodstock e outros acontecimentos. Para fazer aquele som “muito doido” (e maravilhoso) da época, James Gurley aprontava nos palcos com os amplificadores e também com aparelhos chamados de vibradores elétricos (não consta que sejam os utilizados hoje para outros fins). Toda essa loucura de experimentos, criatividade e – por que não – talento impulsionou uma das mais belas vozes da história do Rock em canções como Summertime, Ball and chain ou na maravilhosa Cry Baby. O que me chama a atenção na vida de James Gurley são os antecedentes dele antes de se tornar famoso com a música. Morou em casas de papelão ao longo da costa da Califórnia e com índios no México. Quando era criança, o pai, um acrobata automobilístico (sabe-se lá o que isso significa), usava o garoto como ornamento do capô do carro que dirigia por um muro de madeira em chamas. Um sujeito desses só podia mesmo tocar Rock’n Roll e ser guiatrrista de Janis Joplin. Mais informações sobre James Gurley neste link do G1 http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL1426153-7085,00-MORRE+O+GUITARRISTA+DA+PRIMEIRA+BANDA+DE+JANIS+JOPLIN.html

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